
Tradições culturais e gastronômicas ricas e variadas fazem parte da cultura dos Estados do Nordeste brasileiro e podem ser encontradas também por aqui. Em Maringá há cantinhos que carregam a identidade nordestina tão característica.
O acarajé, símbolo da Bahia, feito de feijão fradinho e cozido em azeite de dendê traz a influência africana na culinária do Nordeste e um dos carros-chefes do cardápio de uma casinha de madeira na rua La Paz, na Vila Morangueira, que tem a baiana Marcela Dourado Santos no comando da cozinha. A culinária servida se entrelaça com a história da família que está à frente do restaurante Severina Sabor do Nordeste. No cardápio também tem pastéis de carne seca, camarão e queijo coalho charque às natas e baião de dois, além de iguarias como a buchada de bode e a dobradinha.
Há 20 anos ela trocou a Bahia pelo Paraná e cantando na noite conheceu o marido, o maringaense Joede de Freitas Santos, neto de nordestinos. A avó dele veio do Piauí e os sabores do Nordeste sempre estiveram na mesa. Juntos, em 2019, eles abriram o Severina. A casa repleta de memórias e referências nordestinas que virou restaurante era a casa dos pais de Joede, onde ele passou toda a infância, e onde veio morar com a esposa e os dois filhos, até que um amigo deu uma ideia inesperada: servir a comida típica na garagem da casa. As mesas foram aumentando e tomaram a casa toda, que vive cheia de clientes em busca dos vibrantes sabores do Nordeste.

Perto dali, na Avenida Tuiuti, a cultura nordestina também mantém raízes no ParaiBar, que tem decoração elaborada para celebrar a terra natal do dono. José Junior veio da Paraíba transferido pelo banco onde trabalhava e investiu no sonho de viver da gastronomia, oferecendo comida que leva os ingredientes que trazem a infância no sertão à memória. Das opções mais tradicionais como a carne de sol com macaxeira e queijo coalho na manteiga de garrafa às moquecas e o sarapatel, os sabores convidam o paladar paranaense a conhecer ou relembrar o que é que o Nordeste tem.

Há também lojas especializadas, como a Casa do Norte, aberta pelo sergipano Valdeci Dias. A primeira loja foi aberta em Diadema (SP), onde ele foi tentar a vida – e deu muito certo. Mas buscando um lugar mais tranquilo para os filhos crescerem, veio de mudança para Maringá, onde o pai dele morava. Aqui, a casa, que fica na Avenida Pedro Taques e oferece produtos de todos os Estados do Norte e Nordeste, já completou 17 anos. O empreendimento é familiar – e a família se estende aos clientes fiéis, que são chamados de “primão” e “meu rei”. Entre os clientes, cearenses, baianos, pernambucanos, e claro, maringaenses que já foram para a região e se apaixonaram pelos sabores de lá.
A diversidade do estoque ajuda a matar a saudade de quem está longe da “terrinha”. “Tem gente que veio para Maringá há 15, 20 anos e sente falta do que tinha lá”, explica Victor Hugo Santos Dias, gerente da loja e filho do dono. Entre os itens mais buscados estão o jabá, camarão salgado, refrigerantes como a cajuína cearense e o guaraná Jesus, do Maranhão, além de cuscuz e beiju. Tudo para manter as tradições culinárias e afetivas, mesmo para quem está tão longe da terra natal.